Um duelo.

Éramos só eu e ele
Ele e eu

Cara a cara
Olhos nos olhos

Sob aquele céu azul
Sobre este tapete gramado

(- Formiga, pequenina, meu pé não te pertence.)

Deu dois cuidadosos passos
Espiou
Mais um pulinho
Virou

Começou tímido
Cantarolou
Com muita prudência
Continuou

Baixinho...
Baixinho
Para mim olhou
Este canto mais parece o falar de um patinho

Intimidado com toda a parafernália
Lençol em baixo
Almofada em cima
Baby Samambaia ao lado
E no meio de tudo, meu caderno e eu

Rodeou
"Opa! Uma minhoca!"
Deu volta e meia
Sondou

Aproximou-se um bocadinho
Mais outro
Um só movimento em falso e...
Voa, voa, bonitinho!

Admita o quanto estava curioso
Cogitando a aproximação
"Se não fosse tão medroso..."

"Ah... mas aqueles grandes olhos verdes ao me fitar!"

Se ao menos tu soubesses...
Quisera eu, contigo, voar.

Um duelo de... (falta de) coragem?

Que esse instante durasse para sempre...
Paz para dentro
Paz para fora
Não se vá
Não acabe jamais

Não há ansiedade
Apenas felicidade

Saudade?
Apenas dessa ligação a tudo ao redor

Esse vento. O sol.
Arrepio. Certeza. Conforto.

Oscila pra lá
Oscila pra cá
Tão sutilmente
Como boiar nas águas tranquilas de um mar

A mente é o tempo
O tempo já não existe mais
Indescritível como um frio na barriga
Muito mais sutil

Sem limites
Nem formas
Sem correntes
Nem paredes

Por um breve momento
Fechar os olhos não dói mais
Um breve instante
Um pouco de paz

Volta...
Volta para o palco
Recoloca a venda
A TV chamou.