E de repente chega um vendaval
Colorido e inesperado
Vira a gente de cabeça para baixo
Sacode tudo do lugar
E justo pela simplicidade
Faz tudo aquilo que já foi
Simplesmente perder o sentido
Que um dia pareceu ter
A perda se adiantou e veio cedo demais.
Ainda nem me entendia por gente.

Muito cedo te perdi.
Poucos meses...
E desde então essa carência.
Tantos anos...

É o teu cheiro que eu procuro.
O colo que não encontro.
Teu calor.
Teu abraço.
O conforto do teu peito.
A proteção do teu corpo.
O amor que jamais encontrarei em quaisquer outros braços.
Pois desses outros, não sou parte.
Porque deles não saí.
Porque não foram eles que me compuseram.

É essa falta que não se supre de maneira alguma.
É essa necessidade interminável.
Esse buraco na minha vida. No meu peito.
Esse vazio na minha pele.

É por isso que me apego tanto.
É por essa busca incessante. Que busco, busco e não encontro.
Anos a fio.
Inconscientemente.
Hoje chegou à consciência.
É esse o medo tão grande: de perder novamente.

A perda chegou mais que cedo.
Em troca, me deixou o apego. O valorizar qualquer coisa.
Às vezes, quando se perde, se ganha...
Às vezes, quando se ganha, se perde.

Será que algum dia poderei me esparramar novamente no teu peito, onde um dia coube de corpo inteiro, e enfim descansar?

"Espera um pouquinho".
"Espera o tempo passar".
"Espera o tempo curar".
"Espera que um dia dá".

Espera...
Espera...
Espera.
Esperar até quando?
E se o amanhã nem chegar?