Aprender.
Acumular conhecimento.
Um tijolinho sobre o outro.
Moleza para o cérebro humano. Moleza até para o coração.
Aprender a respirar, a ver, a andar, a comer, a falar, a ler
e escrever.
Talvez o mais difícil seja aprender a viver. Ou melhor,
aprender a morrer. Dia a dia.
Desaprender.
Retirar tijolinhos sem desestruturar a construção?
Como se faz??
Como ensinar o cérebro a apagar o que já está gravado, sendo
ele uma máquina de gravar e não de apagar?
Como é que ninguém inventou um botão de resetar?
Como faz para ensinar o coração a desamar depois que ele se
preenche com amor e não com paixão?
Como ensinar as artérias a não pulsarem com o sangue
correndo por dentro delas?
Como colocar em uma caixinha os sonhos que você criou e
jogá-los pela janela?
Como arrancar das suas entranhas a vida que tomou conta delas?
Como dizer à sua alma que também não será nesse corpo?
Como fechar os olhos e não ver a imagem de um relógio quando
ouve o barulho dos ponteiros – tic tac tic tac tic tac?
Como ouvir o au au ao longe e não saber que vem de um
cão?
Como desaprender aquela rosa, uma vez compreendido
seu perfume pela terra do meu coração?
Pode ela murchar...
Pode mudar de cor...
Pode ela desabrochar...
Pode espinhar... me fazer sangrar...
Meu coração sempre saberá ser a rosa.
Como faço então para que ele entenda que a rosa não voltará
a ser a rosa que aprendeu?
Como destruir a lembrança gravada no olfato? Na visão? No
tato?
Como faço para que eles entendam que a rosa não quer mais ser
rosa??
Como explicar que no lugar do aroma, agora ela só tem a oferecer os espinhos?
“Dê-lhe mais terra” – diz a cabeça;
“Dê-lhe mais sol” – diz o coração;
“Dê-lhe mais água” – diz a razão;
“Dê-lhe borboletas...” diz a emoção...
Dou-lhe o mundo...
Mas como lhes explicar que nada disso faz mais falta? Que qualquer
oferenda de amor tem nutrido apenas seus espinhos e não mais o desabrochar?
A cabeça, nem o coração... a razão, nem a emoção... não
entendem como se a rosa precisa da terra, e a terra da rosa... essa não lhe
queira mais?
Como destruir a esperança indestrutível do coração??????????????????????????????????????????????
De que a rosa novamente seja apenas a rosa que lhe completou.
De que a rosa novamente seja apenas a rosa que lhe completou.
Chacoalhá-lo?
Infrutífero.
Estapeá-lo?
Deu em nada.
Como desaprender a ser alguém?
E voltar a ser outro alguém...
Que apesar da falta de alguns valores, fazia mais
falta.
Aprender pra quê?
Se no final das contas o que parece salvar dessa tristeza é desaprender.
Eis aí a verdade de que sofre menos quem sabe menos?
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