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Dia desses desenvolvi uma teoria cá pra mim.
(Na verdade, apenas acrescentei fatos a uma que eu já tinha dentro da minha caixola).


Sempre achei que amor é diferente de paixão. E hoje em dia, com as coisas da vida, posso indicar mais umas discrepâncias entre esses dois sujeitos.


Eu já acreditava, por exemplo, que paixão é fogo de palha. Vem fugaz, incendeia e logo apaga – proporcionalmente ao tamanho e espessura da palha.
Vem e vai, reciprocamente, com a mesma força.


E por outro lado, sempre achei que amor é muita coisa.
Muita coisa.
Embora muita gente goste de dizer essa palavra a cada esquina.
O que, ao meu ver, pode ser decorrente de uma série de motivos:
a)      confundição de sentimentos;
b)      necessidade de deixar pessoas felizes para que se sintam amadas;
c)      falta de maturidade;
d)     vulgarização do verbo;
e)      compaixão;
f)       calor do momento;
g)      promiscuidade de coração;
h)      falta de conhecimento do que diz;
i)        falar da boca pra fora;
j)        todas as anteriores.


Não cabe a mim julgar qual caso é cada caso, mas eu me pergunto se esses amores ocasionais são praticados ou só existem em palavras.
E então... o que você faria pelas pessoas que ama?
Até onde iria?


Hoje para mim, paixão e amor cada vez mais têm significados únicos e bem divergentes na progressão do seu ser.
Paixão chega com tudo, derruba valores – às vezes derruba até a gente do lado – tipo furacão. Leva a um estado de torpor, confunde a mente mais sã. Vem numa dose letal e de repente é metabolizada e mais rapidamente eliminada.
Um tempo depois você olha para trás e pensa credo, como, por quê?


Já o amor...
Ah, o amor. É este, que chega de fininho e vai se instalando sem ser percebido. Às vezes sem nem a gente chamar, ele entra pra tomar um café e quando você vai ver já está até consertando o seu chuveiro.
Até que adquire morada permanente.
Sobrevive a tempestades, vendavais, secas, escuridões, tufões, tsunamis, apocalipses até.
O amor compreende a loucura tornando-se louco também, se preciso for, para sobreviver.
Ele pode dar um pulinho pro lado de lá do limite que une amor e ódio, mas quando você vai ver, inexplicavelmente lá está ele, amor de novo. Você olha para trás e aquela pessoa não está lá, mas sim ao seu lado novamente.
O amor fica. Sobrevive. Constrói.
É aquele que faz você olhar pra trás e pensar nossa, por que eu não te encontrei antes?


Ao contrário da paixão – paixonite, reação inflamatória exacerbada, autolimitada – amar é viver apaixonado. É manter a homeostase do organismo amoriano frente quaisquer oscilações de metabolismo e agentes patogênicos da vida.


Enfim, pela órbita deste monólogo, fui e voltei várias vezes, em várias direções. E em meio a essa divagação cheguei à outra conclusão: o grande problema da nossa espécie são as palavras. Geralmente usadas erroneamente para exprimir sentimentos muitas vezes indescritíveis.
Não posso negar que por ser tão bom amar e ser amado (a), quanto mais amor, melhor seria o mundo. Mas a expectativa gerada por uma simples palavra pode ter consequências imensuráveis, uma vez que uma mesma palavra é usada para descrever um sentimento por você que é diferente de um sentimento por mim – já que somos seres diferentes.


Então arrisco dizer aqui que as palavras são podres. Elas nada mais são do que um meio ineficaz e incapaz que o ser humano desenvolveu para tentar se expressar. Feitas para serem falhas.
Devido às nossas variadas experiências de nascimento, crescimento e convivência, as palavras têm significados diferentes para cada pessoa. Por isso tanta falha de comunicação, países em guerra, gente (des)iludida, corações partidos. Um diz “a”, o outro entende “b”. Expectativas podem decepcionar, magoar.
Tudo o que eu escrevo aqui não repassa 70% do que eu tento te dizer.
Assim sendo, a falha não está no "eu te amo" que se diz, mas no significado que isso tem pra você - pois provavelmente tenha um significado diferente pra mim.


É, o universo das palavras restringe o ser. Acho então que amor não se diz, se faz. Só assim.

2 comentários:

  1. As palavras não são podres, elas são poderosas, existe uma força motriz ao pronunciálas e uma idiossincrasia ao ouví-las, a bagagem de vida de cada um aliado aos seus temores, transformam a palavra em algo podre, no fundo podre é o ser que transformou a beleza das suas palavras em algo transgênico, a beleza pecúliar do significado de cada palavra foi esquecida, na frase "eu te amo" o sujeito hoje se sujeita e o predicado foi prejudicado, obviamente a massa exacerbada já não liga mais, cabe a cada um de nós utilizar nossa bondade mesmo em alguns casos parecer não valer a pena, mas para aquele senhor que jogou aquela estrela do mar devolta ao mar, ou para aquele beija-flor que levou um pingo de água para apagar o fogo da floresta, suas ações fizeram a diferença, você meu amor, é o ponta pé ao soar o apito do juiz iniciando o jogo, você é a fagulha originatória do big-bang, suas virtudes são sopros de vida dos Deuses, sou o homem mais sortudo és a mulher mais honrada, você é digna do que escreve, suas palavras atingem o maior grau de ecitação, grite, grite para o mundo ouvir e não espere resposta, o mundo que se mova.
    Te amo

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    1. Grito, grito para o mundo ouvir!!
      TE AMOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO!!!!

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Oi!!!
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